'Se liminar cair, não haverá um centavo para devolver a divulgadores', diz promotora
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Única forma de proteger consumidor é manter verbas bloqueadas, diz Alessandra - Divulgação/TJ-AC
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Assim que os pagamentos
aos divulgadores da Telexfree foram bloqueados pela Justiça do Acre , os
responsáveis pela empresa tentaram desviar R$ 88 milhões, diz a
promotora Alessandra Marques aoiG . Caso isso tivesse
acontecido, esse dinheiro provavelmente não estaria disponível para
ressarcir quem entrou no negócio até hoje – entre 450 mil e 600 mil
pessoas, estima-se.
A devolução é um dos
objetivos da ação civil pública apresentada pelo MP-AC na última
sexta-feira (28) ao Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC). O bloqueio
temporário, obtido por liminar, também havia sido pedido pelo órgão como
forma de evitar os vazamentos. “Quando a juíza determinou o bloqueio
dos recursos, 24 horas depois eles [ responsáveis pela empresa ]
conseguiram entrar numa conta e desviar R$ 40 milhões para uma outra
conta que não era da Telexfree. Outros R$ 48 milhões foram para outra
conta”, diz Alessandra, responsável pelo inquérito em que acusa a
empresa de ser uma das maiores pirâmides financeiras do País. As verbas
foram recuperadas. A Telexfree sempre negou qualquer irregularidade.
Procurada por meio de
seu advogado Horst Fuchs, a Telexfree não comentou a ação civil pública
até o momento. Questionado em 25 de junho sobre eventual descumprimento
do bloqueio de bens, Fuchs refutou a informação.
Novo julgamento
Na próxima segunda-feira
(8), a 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC) analisa o
segundo recurso da empresa contra a decisão. O primeiro foi negado no
dia 24 de junho pelo desembargador Samoel Evangelista . “Se cair a nossa
liminar, aí só [ haverá novo bloqueio ] depois do julgamento
do mérito da ação, quando não vai ter mais nenhum centavo. Em 24 horas,
eles desviaram quase R$ 100 milhões” afirma Alessandra. “A segurança
para os consumidores investidores é que o dinheiro permaneça tutelado
pelo Judiciário.” O Tribunal tem sido pressionado a derrubar a liminar: a
juíza Thaís Khalil, que a concedeu, foi ameaçada de morte , e
divulgadores – que ficaram sem os pagamentos – têm feito protestos em
várias capitais . O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que não tem o
poder de alterar decisões sem que haja provas de irregularidade na
conduta do magistrado, recebeu mais de 18 mil mensagens em favor da
Telexfree . Na última terça-feira (2), a sessão da Assembleia
Legislativa do Acre foi interrompida para a recebimento de um grupo de
divulgadores da Telexfree. O deputado Helder Paiva (PR) propôs que uma
comissão de parlamentares seja recebida pelo Tribunal de Justiça com
“urgência”. “Talvez alguém não esteja compreendendo quando eu disse peça
[ para a comissão ser recebida ] porque nós não podemos mandar [ na Justiça, mas ]
os que são juristas compreendem”, disse o deputado Paiva, em vídeo
disponibilizado pela TV da Assembleia. “E eu tenho certeza que esse
pleito será atendido e que, daqui a alguns dias eu e tantos outros
estaremos fazendo parte desse projeto [ Telexfree ].”
Extinção da empresa
Na ação civil pública, a
promotora Alessandra também pede uma multa de R$ 7 milhões à Ympactus
Comercial LTDA, razão social da Telexfree, por “prejuízo causado ao
sentimento de confiança” da população nas empresas. O dinheiro deverá
ser revertido para o Fundo Estadual de Diretos Difusos. Além disso,
Alessandra pretende propor a extinção da empresa, medida, segundo ela,
que busca permitir a utilização dos bens dos sócios para ressarcir os
divulgadores, caso as verbas em nome da própria Telexfre não sejam
suficientes. A promotora acredita que não serão. “O interessante é
buscar o patrimônio deles porque sabemos da dificuldade de ressarcir
todos que investiram”, afirma.Caso o pedido de devolução seja aceito,
diz a promotora, os consumidores que tiverem como provar o investimento
de dinheiro no esquema poderão exigir o ressarcimento em suas próprias
cidades. Para isso, deverão ingressar na Justiça com ações de execução
baseadas na decisão dada no processo do Acre.
Fonte: IG Economia
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