As freiras carmelitas abriram as portas do convento ao público para que aprecie as figuras em uma sala dedicada completamente ao presépio natalino.
A cena que representa Herodes e suas dançarinas compreende bonecas de madeira com as quais brincavam as noviças que, no século 18, entravam muito cedo na ordem, segundo explica Lorena Albán, guia da exposição.
Jose Jácome - | ||
![]() | ||
Presépio de cerca de 500 peças feitas no século 18 se transformou em uma das principais atrações em Quito |
"As meninas de 13 ou 15 anos entravam como um dote que a família dava à igreja. Chegavam com suas bonecas de madeira e elas as vestiam", relatou.
No entanto, devido à austeridade exigida nas celas, as noviças não podiam ter consigo suas bonecas, por isso que passaram a fazer parte do presépio.
Além dessas bonecas e das peças em madeira da Escola Quiteña, de alto perfeccionismo, também aparecem figuras doadas de porcelana que destoam do conjunto.
O presépio encena a anunciação do arcanjo Gabriel à Virgem Maria, a visita de Maria a sua prima Isabel, o nascimento de Jesus, sua apresentação no templo e sua perda nesse mesmo templo anos depois.
Todas estas cenas são recriadas em diferentes regiões do Equador e oferecem uma mostra dos diferentes estilos arquitetônicos.
ROTINA DO CONVENTO
"Foi uma oportunidade para poder compartilhar todo este tesouro que nossas irmãs cuidaram em gerações passadas. Enche-nos de alegria que os demais possam apreciar toda esta habilidade", disse Raquel de Santa Teresita, 52, que superou sua timidez perante as câmeras da imprensa.
A religiosa, que passou 33 anos enclausurada, contou que o presépio "sempre esteve bem resguardado", mas a passagem do tempo e as traças o afetaram, e que uma restauração será necessária.
Jose Jácome - 23.dez.11/Efe | ||
![]() | ||
Freiras carmelitas abriram as portas do convento ao público para que aprecie objetos em sala exclusiva |
A visita de centenas de pessoas alterou a vida das 13 freiras, a mais nova de 18 anos e a mais velha com 91, pois abriram ao público parte do convento, construído no século 18 --embora tenham reservado o claustro para sua vida contemplativa.
Os visitantes podem apreciar o presépio que está em uma sala sobre uma pequena escadaria e coberto por um vidro, mas também puderam descobrir algo sobre o estilo de vida das freiras, graças a um percurso guiado.
Na saída dessa sala, um corredor emoldurado por grossos muros e arcos que deixam ver um pequeno jardim leva a um quarto.
Nessa fria cela se aprecia uma cama pequena, uma mesinha com a bíblia e outros livros, uma pequena jarra para a água do asseio, cilícios pendurados na parede e um manequim com a vestimenta tradicional das freiras carmelitas.
O percurso pelo silencioso convento continua, entre esculturas e quadros também do século 18, rumo ao coro alto.
As cores pastel usadas no mural do coro lembram os artistas do século 19 que pintaram a iniciação da ordem dos carmelos no século 7.
Do coro, que conta com um órgão italiano do século 19, que já não usam, se observa a igreja do Carmen Bajo, situada no centro histórico de Quito, catalogada como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.
As religiosas também abriram ao público seu refeitório despojado de móveis e decorado com outro presépio elaborado há meio século em madeira e papel. Ali as freiras vendem produtos feitos por elas como escapulários, rosários, bolachas, cremes e águas para a limpeza facial.
O percurso também leva à entrada do cemitério onde se enterra as religiosas da ordem. "Cabe a frase que daqui nem morta me tiram", comentou a guia Lorena.
DA EFE, EM QUITO
0 comentários:
Postar um comentário