O desgaste físico e mental tem afastado os policiais militares do Rio
Grande do Norte de suas atividades profissionais. De acordo com o
departamento médico da PM, até o final do mês de junho passado, 486
deles foram afastados completa ou parcialmente de seu trabalho por
problemas de saúde. O número representa 5,22% do total do efetivo ativo
da corporação, que é de 9300 servidores.
Os afastamentos desses profissionais podem acontecer de duas formas. Em
uma delas, o policial é completamente desligado de suas funções dentro
da Polícia Militar. Isso acontece quando a enfermidade impossibilita o
trabalho. Mas o PM também pode ser retirado das ruas e encaminhado a
atividades administrativas, quando a doença o atinge de maneira menos
agressiva. Os dados do departamento médico também dão conta de que a
maior causa do afastamento completo da corporação é a psiquiatria,
enquanto a ortopedia lidera os casos de remanejamento da atividade
ostensiva para os trabalhos internos.
Porém, a falta de prática contínua de exercícios físicos, comum em uma
grande parcela dos policiais militares, pode desencadear uma série de
doenças que compõem o terceiro maior motivo de impossibilidade de
trabalho. São as doenças clínicas, nas quais se incluem as vasculares.
De acordo com o diretor de Saúde da Polícia Militar, coronel Roberto
Galvão, esta também é uma preocupação da PM. “Se tem paciente que é
hipertenso, diabético e está com excesso de peso, ele terá desempenho de
trabalho que não é o ideal. A sobrecarga da atividade profissional pode
agravar isso”, afirmou.
No Rio Grande do Norte, só os policiais dos batalhões especializados têm
uma rotina diária de exercícios físicos a serem cumpridas, por
determinação dos respectivos comandos. De acordo com o comandante-geral
da Polícia Militar do nosso estado, coronel Francisco Canindé de Araújo
Silva, isso acontece porque a rotina de trabalho dos demais militares
não permite que eles tenham esse tempo disponível, dentro da corporação,
para a prática dos exercícios. “Mas existem avaliações físicas para os
cursos de especialização e para formação dos batalhões”, informou
Araújo.
Além disso, o trabalho para coibir o desenvolvimento das doenças
cardiovasculares e vasculares cerebrais oferecidos pela PM também não é o
ideal. Atualmente, a corporação não dispõe de pessoal e estrutura
física para o desenvolvimento dessas preventivas. O coronel-médico
Roberto Galvão revelou que não dispõe sequer de um endocrinologista,
especialista no sistema endócrino, aquele responsável pela produção de
hormônios e suas regulações. É o médico procurado pelos pacientes com
sobrepeso.
Galvão contou que há um projeto elaborado para a criação de um serviço
específico para este fim, mas nada saiu do papel. Falta verba e gente.
Há 13 anos não há concurso para recomposição do quadro da equipe de
saúde da Polícia Militar. O coronel-médico disse também que seria
necessário, como prevê o projeto, o trabalho conjunto de pelo menos um
cardiologista, um nefrologista (para tratar problemas renais), um
endocrinologista, um cirurgião vascular, um psicólogo e um
nutricionista. “A proposta também é de realizar palestras e montar uma
farmácia de manipulação e uma academia de ginástica”, completou.
T N
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