Livre do crack há um ano, jogadora faz 'bico' no Carnaval e negocia volta ao futebol

Bebel considera ineficaz internação compulsória de dependentes químicos
Bebel considera ineficaz internação compulsória de dependentes químicos
A meio-campista Stephane Gomes, a Bebel, teve sua vida devastada pelo crack, sendo presa no ano passado por acusação de participação em roubo. Ela foi solta semanas depois e, neste mês, completou um ano sem usar a droga. Hoje, ela considera uma vitória pessoal cada dia de sobriedade. Desempregada, a jogadora de 24 anos fez bicos trabalhando em uma escola de samba paulistana enquanto negocia retorno ao futebol.
Bebel estuda convite do XV de Piracicaba e também aguarda uma posição do Juventus, que ainda não definiu se reativará o futebol feminino. Ela acredita até a próxima semana estará empregada.
“Voltei a descobrir o prazer das pequenas coisas, de brincar com o sobrinho ou jantar com a família. Preciso agora voltar a jogar para provar a todos que eu estou recuperada. Estou conversando com duas equipes. Eu me sinto disposta e totalmente longe das drogas”, disse Bebel ao UOL Esporte.
Bebel concede entrevista após amistoso do Juventus Assessoria de Imprensa do Juventus
Durante três anos, Bebel conciliou a vida de usuária de crack, de jogadora de futebol e de estudante. Ela pertenceu ao time feminino do Santos, na época o principal do país e conhecido como "Sereias da Vila". O clube oferecia bolsa de estudos. Bebel parou de estudar no 3º ano da faculdade de fisioterapia.
A série de indisciplinas no Santos implicou na rescisão de contrato.
“O crack causava uma sensação de prazer logo de cara. Por isso perdi os estudos e o Santos. Agora quando bate aquela sensação de falta da droga, eu ocupo a mente indo ao cinema ou chamando minha mãe para passear”, complementou.
O primeiro passo para se afastar do crack foi dado em fevereiro de 2012, quando defendeu o Juventus. “Lá eles me olhavam com olhar estranho, talvez pensando: ‘Será que ela vai aprontar?’. Mas eu estava convicta de que venceria essa batalha”, conta.
Meses depois ela se transferiu para a Portuguesa. Mas o salário de R$ 600 no Canindé fez com que Bebel trocasse o futebol pelo Carnaval.
Ela participou da confecção de alegorias para a escola Acadêmicos do Tatuapé, que integrou a elite paulistana, mas que foi rebaixada.
“A Portuguesa fez sua parte, mas o dinheiro que eu ganhava não pagava o transporte. Então eu comecei a mexer com fantasias. Separava plumas, penas e usava cera quente na produção de fantasias para o Carnaval”, relata.

BEBEL: 'INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA DE USUÁRIOS DE CRACK É INEFICAZ'

  • Paralelamente às atividades no futebol, Bebel pretende contribuir para o tratamento de dependentes químicos, com palestras e visitas à Cracolândia, no centro de São Paulo.

    A meio-campista considera pouco eficaz o programa do Governo paulista de internação compulsória para dependentes de crack.

    "A decisão de se buscar ajuda tem de partir da pessoa. Quando o viciado é internado por nove meses, ele contará os dias para voltar e usar aquilo que não usou. No meu caso, eu disse 'vou me internar porque estou doente'. Foram três meses de internação que mudaram a minha vida. Cada dia é uma vitória".

0 comentários:

Postar um comentário