A seca que assola o sertão nordestino mudou a vida dos criadores de gado nos municípios que sofrem com a severa estiagem há pelo menos oito meses. Sem chuva, o pasto foi reduzido à areia. Debilitados pelo alimento escasso, muitos animais já estão morrendo de sede e fome, gerando verdadeiros cemitérios a céu aberto. Além de não ter capim para dar a ovinos e bovinos, os produtores ainda são obrigados a comprar ração e complementos alimentícios a preços inflacionados.


O riacho do Brás, em Poço Redondo (SE), virou cemitério de animais com a maior seca já registrada no Nordeste em décadas Beto Macário/UOL
Em Poço Redondo, município mais afetado pela seca em Sergipe, todos os criadores ouvidos pelo UOL afirmam que já perderam animais com a estiagem. No riacho do Brás, que está completamente seco há meses, carcaças de bois e vacas estão espalhadas pelo local. Em pouco mais de 300 metros, a reportagem encontrou sete animais mortos. O último deles, segundo a dona do terreno, morreu no fim de semana anterior à visita.
“É uma tristeza grande demais. Se não chover, ou o governo não ajudar com ração, em três meses não teremos nenhum animal vivo mais na cidade”, disse a pecuarista Sônia Souza Costa, que viu a morte de sete de suas vacas nos últimos meses.
“Se pelo menos o governo ajudasse com a ração, que é o que faz os animais darem leite, ajudaria bastante. Mas até agora recebemos água de carro-pipa só para nosso abastecimento de casa. Mas, mesmo não dando, temos que dividir a água com os animais para que eles não morram”, afirma.
Para evitar mortes, Alexandre Fernando da Silva, 55, vendeu dois animais por R$ 300 cada, quando poderia cobrar R$ 600 por cabeça. "Se não for assim, não teríamos como manter o resto", diz o sertanejo, que tem 15 cabeças de gado na cidade.
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