seca no Nordeste

Foto 42 de 45 - Casa
colocada a venda denuncia êxodo rural em Santa Brígida (BA); com maior
seca em décadas, Nordeste revive êxodo e abandono do campo Beto Macário/UOL
A diferença do atual êxodo rural em relação ao ocorrido com mais intensidade nas décadas de 70 e 80, é que em vez de Rio de Janeiro e São Paulo, o destino dos nordestinos está mais próximo: muitas vezes é o próprio Nordeste e a região Norte.
Em Glória (BA), a reportagem encontrou moradores que estão desistindo da vida no campo e abandonando as casas em busca de uma “vida com água”. Na comunidade Porto da Serra, o último a fugir da seca foi “seu Manu”, um dos moradores mais antigos da comunidade e que deixou o casebre onde vivia para ir morar em Paulo Afonso.
“Ele arrumou as coisas ontem [terça-feira, 8] e foi embora. Vai fazer o quê aqui? Só passar sede e fome sem assistência de ninguém? Aqui não temos nem energia, nem água. É um sofrimento muito grande”, contou um vizinho.
Mapa mostra as cidades visitadas pelo UOL em quatro Estados
Durante a visita do UOL ao município, foi comum encontrar casas fechadas e com placa de “vende-se.” “Aqui só se fala na seca. O pessoal vem para cá tentar esquecer os problemas, mas esse é o assunto. Todo mundo quer saber quando é que vai chover”, disse a dona de um pequeno bar na comunidade Caixa Cobrir, Ronilda Marques dos Santos, 33.
A situação da Bahia não é diferente a de outros Estados visitados. O funcionário público alagoano Osvaldo Nascimento, 49, conta que não suportou a falta de água no povoado Araticum e foi morar na zona urbana de Pariconha (AL).
“E olhe que lá eu tenho casa própria e aqui pago R$ 120 de aluguel, que é um valor alto para mim. Mas não tinha alternativa. Ou vinha para cá, ou ia viver sem água, que era bem pior”, relatou o servidor, que trabalha como motorista de transporte escolar e diz que vai “pensar seriamente” se voltará a viver na zona rural quando a chuva voltar a cair. “Lá o sofrimento é maior.”
Em Poço Redondo (SE), os moradores também relatam que sertanejos deixaram suas casas para tentar a vida na cidade. “Quem tem uma casa para ficar está indo passar um tempo na cidade e só vem aqui ver como as coisas estão. Ficar aqui sem água é ruim demais, só sabe quem passa”, conta Pedro Alexandre, 61.
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