O veterinário João Vitor de Oliveira, 29, fazia o percurso diário entre a av. Nove de Julho e o Morumbi, em São Paulo, quando sua motocicleta foi prensada entre um carro e um ônibus. Ele caiu e teve a perna esquerda esmagada.
"Como cheguei aqui vivo?", diz motociclista sobre perigo das ruas João Vitor engrossou as estatísticas de acidentes de trânsito do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas, complexo que atende os casos mais graves em São Paulo.
Levantamento feito pelo HC a pedido da Folha mostra que, de 2006 a 2011, houve aumento de 14% dos motociclistas acidentados. Enquanto isso, outros acidentes de trânsito (envolvendo carros, bicicletas e pedestres) caíram.
Os acidentes de motos também são piores em todas as outras estatísticas disponíveis: do Ministério da Saúde, da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e do Dpvat (seguro obrigatório) --segundo este último, os mais fatais: 27% dos condutores de motos morreram, contra 13% nos carros e 4% nos caminhões.
O HC não tem o índice de mortos, mas, segundo Jorge dos Santos Silva, diretor clínico do IOT, é "significativo" no primeiro atendimento.
"A postura um pouco intrépida dos motociclistas talvez seja o maior problema. Eles têm que se proteger. Falta educação para direção defensiva", afirma a médica Júlia Greve, do IOT, que coordena o blog hcemmovimento.blogspot.com.br, criado há quatro meses como parte do programa do hospital para conscientizar motociclistas e motoristas contra acidentes.
Joel Silva - 19.abr.11/Folhapress | ||
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Motociclista ao lado de moto após acidente na altura da ponte da Casa Verde, na marginal Tietê, em São Paulo |
EM RECUPERAÇÃO
João Vitor, que abre o texto, sofreu o acidente em novembro e hoje faz fisioterapia --o tratamento irá durar mais um ano. Ele atribui o acidente à desatenção da motorista do carro e à imprudência do condutor do ônibus.
Especialistas apontam ainda a falta de educação de motociclistas sobre os riscos que correm, a falta de proteção do veículo e do capacete e problemas na fiscalização e na lei --que não explicita o problema de pilotar entre carros.
"Os radares atuais não leem placas de motos. Tem que pôr mais radares e câmeras e aumentar a fiscalização", diz Flamínio Fichmann, urbanista especialista em trânsito.
O engenheiro Creso Franco Peixoto, professor da FEI (Fundação Educacional Inaciana), diz que capacetes devem ter validade de três anos -a partir daí, reduz a capacidade de absorver choques.
Outra explicação é o aumento da frota (40% desde 2008); a de carros cresceu 15%, diz o Detran (Departamento Estadual de Trânsito).
CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO
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